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Maternidade: o bebê é só da Mãe



Minha vida mudou em todos os aspectos possíveis. Cada célula do meu corpo parece ter sido remodelada para essa nova fase. Minha alimentação, minha rotina, até mesmo minhas prioridades foram drasticamente alteradas. Não posso mais beber álcool, meu peito caiu, minha bunda tem estrias, e meu cabelo parece estar desistindo de permanecer em minha cabeça. Aos poucos, percebi que não tenho mais tempo nem recursos para me dedicar aos luxos triviais, como fazer as unhas ou arrumar o cabelo. Parei de trabalhar para me dedicar inteiramente a essa nova jornada, e, com isso, parei também de me preocupar tanto com a minha aparência. Afinal, agora a minha maior prioridade é cuidar do meu bebê.

 

Valorizo agora coisas que antes passavam despercebidas. A educação, o respeito, a qualidade de vida, a leitura, a cultura - esses são os verdadeiros pilares da minha existência agora. As conversas rasas deram lugar a discussões sobre parto, sono do bebê, introdução alimentar e educação respeitosa. Tive que me capacitar para cada fase do meu pequeno ser, buscando conhecimento sobre inteligência emocional e todo o universo que envolve a maternidade.

 

No entanto, junto com essa transformação, veio também uma profunda solidão. As piadas podem até ser melhores, mas o espaço para amizades parece ter desaparecido. Não tenho mais forças para sair como antes, mas se, por acaso, decido sair, tudo precisa ser meticulosamente planejado. Odeio ter que deixar meu filho com a avó, que insiste em dar doces escondido, ou com o meu marido, que não cuida tão bem quanto eu. Renunciai à minha vida em prol dos meus filhos. Dou banho, comida, acolho, cuido do lar, do marido. Devo estar sempre bonita, ser boa de cama, ser bem-humorada - mas, por vezes, sinto o peso do mundo em meus ombros por ter que assumir tantas responsabilidades. Às vezes, sinto inveja das mães que conseguem utilizar sua rede de apoio, e abomino aquelas que a utilizam de forma abusiva.

 

Enquanto isso, a vida do pai continua a mesma. Ele sai para trabalhar, socializa, sai para qualquer coisa sem se preocupar com planejamento. Tem amigos, sai para beber, continua com um humor maravilhoso. Parece que o tempo parou apenas para mim. O maternar é lindo, sim, mas também é incrivelmente solitário.



O bebê é só da Mãe

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